É notório que pessoas
se viciam em bebidas, cigarro, drogas, sexo, trabalho, diversão, facebook (na
verdade não faz muita diferença em que você eventualmente se vicie, porque todo
vício por si só é prejudicial, muito embora, eu não sendo puritano por
excelência, não pretendo me ater à discussão desse mérito em si, mas apenas
ilustrá-lo), e não importa qual seja o vício, todas as pessoas acabam se
viciando uma hora ou outra em alguma coisa. Faço essa afirmação, sem qualquer
fundo científico, mas justifico para que não pareça leviana ou despropositada.
Nós os seres humanos,
somos completamente distintos uns dos outros, mesmo dentro de grupos muito
homogêneos, como as famílias, por exemplo (ou pelo menos, a maioria das
famílias, são homogêneas na medida do possível), onde podemos comparar os pais
com os filhos, ou os próprios irmãos entre si, ou ainda o pai com a mãe por
exemplo, e isso em um contexto de núcleo até certo ponto único (faço essa
observação, pois apesar de virem do mesmo núcleo familiar, o universo de cada
integrante dessa mesma família, se subdivide em diversos outros núcleos –
escola, trabalho, amigos – totalmente independentes, mas que acabam se
tangenciando em vários momentos), a isso se soma a história individual de cada
um, a sua formação humanística, cultural, sua educação formal e também
informal, e uma série infindável de outros aspectos, que influem para a
formação do caráter e também personalidade de cada pessoa.
Feita esta “confusão
mental”, pega-se o produto da soma de todos os fatores (mensuráveis ou não), e
temos um agente que lida dia-a-dia com a realidade, ou seja, um ser humano que
interage com seu próprio universo e com vários outros universos (que seriam as
outras pessoas), dentro da sociedade e por esse motivo é perfeitamente natural,
que todos sejam tão diferentes entre si, mesmo dentro da mesma família, que se
dirá de pessoas de núcleos distintos (classes sociais, lugares, religiões,
gêneros, etnias, etc)? Nesse momento, algum antropólogo de plantão, afirmaria
que ai reside a graça de ser humano, e talvez especialistas diversos
divergissem ou filosofassem a esse respeito, eu meramente faço alusão a tudo
isso, visto que não sou especialista em humanidades, tampouco pretensioso o
suficiente para me atrever. Mas me atrevo a afirmar, que independentemente de
qualquer dessas variáveis, todas as pessoas estão suscetíveis aos vícios e que
de fato se viciam, seja em ideais, ações ou pensamentos, porque toda essa
vivência pregressa, acaba moldando a forma das pessoas verem o mundo, a partir
de vícios cultivados consciente ou inconscientemente.
Há quem defenda a
ideia (para mim absurda), de comparar seres humanos à máquinas, e se assim
fosse de fato, eu diria que o ser humano padece de uma defasagem tecnológica,
pois a exemplo de seus telefones celulares, tocadores MP3 (MP4, MP5... MP365),
notebooks, smart phones, tablets, câmeras digitais (e sei lá mais qual
infinidade de penduricalhos já inventaram), antigamente os dispositivos móveis vinham
equipados com baterias de níquel cádmio, e essas baterias para quem se lembra
(vamos lá gente, nem faz tanto tempo assim), guardavam a “memória”, da forma
que eram utilizadas ou seja, se você as carregasse diariamente antes de sua
carga acabar-se totalmente, não importa o motivo, ela acabava se viciando e
então, o dia que você não a recarregasse ela acabava te deixando na mão,
todavia, em equipamentos mais modernos, introduziu-se as moderníssimas baterias
de íon de lítio, o que significa dizer, que independentemente da forma como
você usa e recarrega seu aparelho, essas baterias não viciam.
Então, traçando-se o
paralelo improvável entre pessoas e baterias, receio que as pessoas representem
a primeira geração de baterias (as de níquel cádmio), pois receio que este
“defeito”, de fatalmente se viciar em algo, não seja algo opcional, ainda que
algumas pessoas afirmem que opiniões divergentes devam ser incentivadas.
Digo. Em um estado
democrático de direito, ainda que eu não concorde com a opinião de qualquer pessoa,
é direito dessa pessoa manifestá-la, e isso precisa ser respeitado, por outro
lado, nada me obriga a incentivar que as pessoas divirjam de minhas opiniões
(menos ainda, quando detenho uma posição de poder). Naturalmente não estou
falando agora de demagogia, pois acredito que a caracterização de demagogia
careça de um fator determinante, que seria o dolo (ou seja, alguém que diz algo
e conscientemente faz o contrário), já uma falácia é até possível, pois a
caracterização de falácia independe de vontade (ou seja, você acredita que esta
dizendo uma verdade, quando de fato não o é), naturalmente, para efeitos
jurídicos não aconselho a ninguém alegar desconhecimento de causo como
justificativa para qualquer ação (pois é sabido que o desconhecimento não isenta
culpa).
Enfim, julguei
necessário falar a esse respeito, porque não eximo a mim mesmo desses mesmos
vícios, que tenho alguns em função de minha história familiar e pessoal, outros
em função de minha formação acadêmica, outros em função do próprio exercício da
profissão, feitos esses esclarecimentos, gostaria de poder contar com a
indulgência dos prezados leitores, pois obviamente, não consigo deixar de
considerar esses meus vícios ao fazer uma análise sobre qualquer tema, e digo em
meu favor, que jamais quis ser desagradável ou deselegante com quem quer que
seja, pois acredito piamente, que posso tecer críticas ao trabalho desenvolvido
por alguém, sem necessariamente estar criticando a pessoa em si, ainda que em
algumas situações seja difícil entender assim.