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sábado, 16 de fevereiro de 2013

A RELATIVIDADE DO NEPOTISMO

(Itabira)



O final da semana do carnaval fechou quente no grupo Opinião de Itabirano, do Facebook. Cerca de uns dez Ativos integrantes do grupo, uma filha de ex-secretários do Ronaldo Magalhães e ex-militantes passaram a bater feio no prefeito Damon de Sena, por causa das recentes nomeações, tendo tornado a discussão mais acalorada após a nomeação de sua esposa, como sub-secretária de saúde.
Algumas broncas parecem estar cobertas de razões. Se aumentaram os salários, aumenta-se proporcionalmente as responsabilidades nas corretas indicações e dão-nos os direitos de cobrarmos melhores serviços. Outros questionamentos parecem ser igualmente pertinentes, como: se “esqueceram” daqueles que “gastaram solas de sapatos na campanha”, que têm graduações, estudos e “melhores capacidades”, não deveriam jamais nomear aqueles que não os têm e/ou que não lutaram a favor da mudança e/ou, principalmente, aqueles que trabalharam contra, por questões de gratidão e de melhor probabilidade de comprometimento do indicado, é claro.
Já outros questionamentos, como ausência de graduação ou supostas faltas de capacidades dos indicados sem melhores conhecimentos de seus currículos, beiram ao preconceito e podem velar ressentimentos por terem sido “esquecidos” ou pouco "recompensados".
Damon, no final de dezembro, revelou abertamente que as nomeações atenderam a uns 70 a 80%, na opinião dele. Parte porque o Ministério Público exigiu que todas as chefias de seções e 50% das de departamento têm que ser ocupadas por efetivos, limitando os poderes das livres nomeações na cidade. Outra parte porque há acordos com os partidos da coligação, cujas nomeações estão em caráter de experiência. Se acertarem, continuam. Se errarem, serão trocados, garante Damon. Todo prefeito precisa cumprir com os acordos, mas não tem obrigação e nem deve expor o futuro da cidade aos desmandos, tais como os que vivemos nos últimos tempos, exatamente por causa das péssimas indicações partidárias. Daí, como gatos escaldados têm medo de água fria, somadas às frustrações recentes... eis que surge o campo fértil para a polêmica.
Daí, para orientar melhor meu senso de justiça, fiz flash-back mental na política passada, para identificar se os internautas têm razão. Não quero abrir o precedente de que se um errou, o próximo tem o direito de errar. O presente levantamento é para analisarmos se é o nepotismo o maior vilão das más gestões, ou não. 
Vejam só o que resgatei... Todos os recentes prefeitos da cidade fizeram uso do nepotismo direto, indireto e cruzado, que os internautas classificam de imoral e/ou ilegal, que os apresento em ordem cronológica decrescente:
A esposa do João Izael teve cargo de confiança, somado à dezenas de parentes de secretários e apoiadores, como a irmã do Sebastião Batata, Elaine Campos.
A ex-esposa do Ronaldo Magalhães também foi coordenadora do programa Bairro-a-bairro. A esposa do Cácio, Ângela Guerra e o próprio assumiram secretarias, além de outros.
Jackson Tavares teve a Maria Lúcia como coordenadora do Orçamento Participativo, dois cunhados e um primo da esposa.
Olímpio (Li) Pires Guerra, a Cândida Isabel Campos, que tem estudos e é servidora de carreira.
Luiz Menezes contou com a brilhante participação de sua filha, Paula Menezes, na Itaurb, que deixou saudades por sua excelente contribuição.
José Maurício Silva contou com a irmã na secretaria de educação.
Aécio Neves teve ainda sua irmã na comunicação, Fernando Henrique Cardoso a esposa, Lulinha se projetou na vida sem cargos e com as influências do poder e por aí vai. Como podem observar, uns acertam, outros erram, colocando abaixo a classificação de que o erro está, exclusivamente, no nepotismo.
O que sei é que as indicações de secretariado são de livre nomeação e devem ser ocupadas por pessoas de extrema confiança do prefeito. Portanto, por este princípio de defesa, não consigo enxergar a imoralidade ou ilegalidade nesta quase execração precoce que criam por aí. Aliás, temo muito que os reflexos desta ansiedade e/ou descontentamento sobre as nomeações coloquem em risco, por sumária e preconceituosa sentença, a única possibilidade de acerto da nossa cidade nos últimos 12 anos. Afinal, quem se beneficia com isso? O grupo que vilipendiou, corrompeu, extorquiu e assassinou reputações na cidade?
Calma, pessoal, temos ainda mais quase 4 para acertarmos. Ficarmos vigilantes, sim. Cobrarmos eficiência e correção, sim. Mas penso que devemos fazer sem preconceitos ou rancores. Há muita água para rolar debaixo da ponte. Ao novo governo, fica a dica: a tolerância da população aos erros e as responsabilidades suas caminham numa equação inversamente proporcional, na qual os resultados fecham numa única solução: é, mais do que nunca, preciso acertar.

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