(Itabira
e região)
Entre
aspas, mesmo.
Não
conheço com intimidade a imprensa de outros lugares, senão a de
Itabira; portanto, vou ater-me a focalizá-la, somente.
Faço
parte desta imprensa desde 1995, quando retornei de Uberaba para
minha terra natal, Itabira, começando por vender espaço
publicitário para O Passarela, o mais antigo jornal de Itabira.
Neste mesmo jornal, comecei, a convite do Feliciano, seu editor, a
redigir alguns textos, chegando inclusive a dar alguns “pitacos”
no Marreta na Bigorna, espaço crítico do periódico e exclusivo do
seu editor.
Em
sequência, escrevi para o saudoso Tribuna de Itabira, da minha amiga
Sônia Silva. Com o amigo José Norberto de Jesus (Bitinho), no
Impressão atual, comecei de fato a escrever com mais liberdade,
mostrando mais minhas ideias de tendência esquerdista, fazendo
entrevistas, vendendo espaços, me relacionando mais com os políticos
da época.
Após
o Impressão Atual, Bitinho criou o Jornal da Cidade, onde também
fui colaborador.
Por
cerca de três anos, talvez pouco mais, fui articulista semanal no
Diário de Itabira, numa deferência do Müller à minha pessoa. Ali,
também, nunca me faltou liberdade para escrever o que quisesse. Em
verdade, uma ex-vereadora e seu companheiro pediram minha cabeça certa ocasião, depois de não engolirem uma
crítica que fiz à atuação da parlamentar. Soube que foram até o
editor/diretor do Diário, sem sucesso.
Comecei
a trabalhar na Promocional, agência de publicidade, onde fiquei por
dois anos e meio e cresci muito como profissional. Foram bons
momentos. Deixei de ser colaborador do Diário em virtude da
constante censura que sofria da Comunicação da prefeitura, que não
permitia qualquer crítica, mesmo crítica com o único intuito de
ajudar o governo, do qual eu era simpatizante, alertando-o de
equívocos. Mesmo a mais tímida observação poderia ser motivo de uma
ligação da assessoria, lembrando-me que meu emprego na agência era
político. O prefeito era Ronaldo Magalhães, que até acredito que
não sabia desse detalhe.
Para
sobreviver, escrevi para vários jornais, com textos demagógicos às
prefeituras e câmaras das muitas cidades da região, em obediência às
orientações dos seus editores.
Sentia-me escravizado.
Eram
textos, em sua grande maioria, com total falta de qualidade, não
havia como melhorá-los, porque a demagogia e as entrevistas
realizadas (pelos donos dos jornais) engoliam qualquer tentativa
nesse sentido. Fazia-se lanternagem no texto, mas os defeitos eram
visíveis. A ideia era bajular o prefeito, o presidente da câmara,
outros...
Digo
tudo isso para culminar com a minha razão em escrever esse texto.
Hoje,
vejo com muita decepção, um número crescente de pessoas que
empunham um gravador, uma máquina fotográfica e começam a
frequentar o meio. Criam sites, jornais impressos e blogues sem
qualquer qualidade e se intitulam da imprensa. Há pessoas que,
nitidamente, jamais leram qualquer livro, político ou clássico, que
redigem mal, que não têm a mínima noção do idioma, que crescem à
base de chantagens, de falarem mal dos outros sem fundamentos, de
atingirem desafetos políticos no seu mais íntimo, seu lado pessoal,
familiar, seu problema físico, enfim; sem ética alguma, elemento
fundamental para o exercício da profissão.
Há
vigorosos debates no meio jornalístico nacional quanto à
necessidade do diploma de formação superior na profissão. No
entanto, alguns grandes nomes da imprensa brasileira não têm esse
valioso certificado, mas exercem com brilhantismo a magnífica arte
de escrever.
Alexandre
Garcia e Heródoto Barbeiro, por exemplo, apesar da formação
superior, são tácitos em afirmar que para se exercer essa mágica
profissão, é “somente necessário que se tenha conhecimentos
gerais do tema que se aborda, e escrevê-lo bem, dominando o idioma
pátrio”.
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