Libertas quae sera tamem

Manifestar publicamente uma opinião política é exercício de liberdade. Liberdade de pensamento, de expressão e de participação política. E a liberdade é a maior vocação dos mineiros. É claro que um texto político apresenta a visão de quem o escreveu. Assinar o que se escreve é ato de responsabilidade. Liberdade com responsabilidade.

O cidadão pode ou não se manifestar, mas sempre é responsável por suas ações ou omissões. Apresentar ao público uma visão política é sujeitar-se às críticas e estar disposto a absorvê-las. Mas é ação. O cidadão deve agir, participar da vida da cidade e buscar contribuir para a melhoria do local onde vive.

O ator político deve expressar sua opinião quando julgar que pode contribuir de alguma forma. Oportunismo é assumir a postura do quanto pior melhor, deixar de se manifestar mesmo acreditando que é possível agir para melhorar. Enquanto cidadão político, eu posso usar minha caneta e expressar minhas ideias, respondendo por isso. Estou sujeito a erros e acertos. Assim também é o governante: ele pode ou não usar a caneta, mas é responsável por suas ações e omissões.

Vivemos uma grande revolução na área da comunicação. Veja só: há 20 anos, a divulgação de idéias em larga escala envolvia um investimento em algum meio de comunicação específico: rádio, televisão ou jornais. No Brasil, a produção e circulação de informações estavam concentradas nas mãos de meia dúzia de famílias. Apresentar ideias políticas era caro. Nossa democracia pagou um pesado tributo por isso.

Ainda padecemos de algo parecido na cidade. De certo modo, estamos apenas ensaiando uma reação. Boa parte dos meios de comunicação ainda divulga somente aquilo que seus mantenedores desejam ou permitem. Enquanto for caro divulgar opiniões, sempre estará em vantagem aquele que tiver mais dinheiro para gastar. Em geral, o governo. Não é coincidência o vultoso investimento em propaganda dos governos locais. Ou seja, os administradores do nosso dinheiro o investem para moldar nossas opiniões e influenciar nossas decisões.

Mas estamos vivendo uma grande revolução na comunicação. Eu tenho uma caneta e os sonhos do mundo. E nós temos a internet. A internet possibilita ao cidadão divulgar em larga escala suas ideias. Permite apresentar ideias e interesses políticos. É legítimo ter interesses políticos. Aliás, quantas boas pessoas poderiam contribuir com nossa cidade, não fosse a apatia pela política. Muitas vezes, a descrença e sentimento de impotência impedem boas pessoas de participar da vida política e afastam da política exatamente quem deveria nela estar.

Nossa cidade já suporta extrema dependência econômica da atividade mineradora. Não podemos tolerar unicidade do pensamento político. É necessário debater. Não podemos ficar acomodados, sofrendo calado, engasgado e abrindo oportunidade para esta letargia que dominou grande parte de Itabira. Escrever é prática de liberdade, a maior vocação de Minas Gerais. Exercitemos nossa liberdade!