Agenda Itabira: começando o debate

Na última década, o PT (Partido dos Trabalhadores) fez oposição ao projeto político instalado em Itabira, posicionando-se claramente na defesa de um novo modelo de gestão pública para o município. Itabira obteve nos últimos anos a maior arrecadação de sua história, mas infelizmente, falta transparência na aplicação dos recursos, convivemos com uma administração municipal inchada e incapaz de transformar nossa riqueza em benefícios diretos para a população da cidade.

Em lado oposto, o PP (Partido Progressista) é hoje um dos principais partidos do governo municipal. Com expressiva participação no governo e na Câmara Municipal, o Partido Progressista têm contribuído com políticas contrárias às defendidas pelo PT. Como exemplo, basta lembrar o posicionamento do partido em relação à greve e reivindicações do funcionalismo público, na aprovação do aumento do IPTU e da taxa de água e esgoto. Desta forma, não há dúvida: nos últimos anos PP e PT ocuparam posições antagônicas no cenário político local.

Apesar disso, os partidos anunciaram um acordo político visando a disputa das próximas eleições municipais, que prevê, ainda, a ocupação de cargos públicos no Poder Legislativo. Como pano de fundo do acordo há uma grande idéia, realmente útil para cidade: a formação de um espaço público para apresentação e discussão de idéias políticas, visando a construção de uma agenda pública para o município. É realmente relevante travar um debate público na cidade e criar uma Agenda Itabira, não apenas uma oportunista Agenda 2012. Precisamos definir nossas prioridades, debater a gestão e os gastos públicos, além de estabelecer estratégias conjuntas para obtermos serviços e investimentos dos governos estadual e federal.

Ao mesmo tempo em que precisamos de debate político, esperamos dos partidos políticos responsabilidade na formação das alianças. Acordo político para disputa de eleições requer alinhamento político, afinidade ideológica e programática. Daí a pergunta: se os partidos têm um acordo, qual posicionamento prevalecerá? Qual o rumo cada partido, ou os dois juntos, pretende tomar?

Itabira cobra coerência do Partido dos Trabalhadores, e isso significa manter a postura de oposição séria e responsável, enquanto se discute um novo projeto político que transforme Itabira numa cidade mais justa e próspera. O PT não deve ter cargos na atual administração municipal. Esse é o clamor da população itabirana, desejo da maior parte dos filiados e apoiadores do PT, e deverá prevalecer em instâncias democráticas do partido.

Ainda não está claro o posicionamento do Partido Progressista. Ao estabelecer acordo com um partido de oposição, o PP sinaliza que não deseja participar da administração atual. Se o PP vier a compor as fileiras de oposição, deixando de fazer parte do governo municipal, a cidade deve ganhar. Itabira poderia contar com mais vereadores para fiscalizar as contas e contratos públicos. Já o Prefeito Municipal, com um pouco de coragem, poderia cobrar de seus subordinados coerência e compromisso para implantar o programa de governo apresentado à população durante as eleições, exonerando os dissidentes. Se o partido não confia no programa de governo do atual prefeito, deve deixar o governo. Sem dúvida, estamos diante de uma oportunidade para o Prefeito Municipal dar o tão esperado murro na mesa e dar novo fôlego à combalida administração municipal.

Certo é que o acordo demanda mudança de posicionamento dos atores envolvidos. Itabira deseja política feita de modo honesto, sério e coerente. Itabira tem esperança em novos tempos. O acordo entabulado não pode ser apenas mais uma cena no espetáculo político. A história fez do PT um partido amado ou odiado, mas sempre respeitado pela defesa dos seus ideais. Desta vez não será diferente! Já o Partido Progressista pode escrever uma nova história na política da cidade, mas precisa transformar em gestos concretos o protocolo de boas intenções...