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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A CORRIDA PRESIDENCIAL, SERÁ POLARIZADA PSDB X PT(LULA)

O Presidente Lula está convencido, já há alguns meses, de que uma eleição presidencial plebiscitária, opondo apenas José Serra e sua candidata Dilma Rousseff, deixando Marina Silva correndo bem por fora, é mais interessante para o governismo do que uma disputa que inclua Ciro Gomes como tercius.

Aparentemente, Lula acredita que isso facilitará o discurso de Dilma e a comparação entre a memória do governo Fernando Henrique Cardoso, negativa, que o PT tentará colar com a imagem de José Serra, e a do seu próprio governo, positiva, que a campanha da Ministra tentará acoplar a ela.

De fato, uma campanha plebiscitária facilitará essa comparação. Afinal, sem Ciro, apenas Dilma representará a continuidade. É nisso que Lula aposta.

Acontece que a eleição, sendo plebiscitária, poderá terminar no primeiro turno. Obviamente, isso quer dizer que o processo eleitoral será mais curto. E isso, ao invés de auxiliar Dilma, ajuda Serra, que não precisa se fazer conhecer pelo eleitorado, já que tem grande recall, ao contrário da Ministra, que precisa tanto ser exibida que Lula começou a campanha um ano antes.

Em suma, a eleição plebiscitária constrói o “nós contra eles” que Lula quer, mas também encurta o tempo que Dilma Rousseff tem para construir sua imagem e conquistar votos próprios. Estes, segundo os especialistas, serão necessários para que a Ministra vença. Apenas o que Lula conseguirá transferir não será suficiente, pois se situará entre 30 e 40% dos votos.

É aí que começa a surgir a possibilidade de a eleição plebiscitária, desejada por Lula, interessar a Serra, e não a Dilma. Tudo dependerá da velocidade de crescimento de Dilma e da quantidade de votos próprios que a Ministra conseguirá amealhar antes da campanha, é verdade. Mas só a possibilidade de a estratégia tão apregoada por Lula auxiliar Serra já é curiosa.

Dilma tem subido com certa rapidez, mas está se aproximando do teto da transferência de votos de Lula. A partir daí, precisará conquistar seus próprios votos e, para isso, precisará de tempo e construção de imagem junto ao eleitorado. Uma campanha mais curta e menos focada por envolver os que buscam ocupar outros cargos eletivos atrapalha, ao invés de auxiliar este processo.

Portanto, se por um lado o “plebiscito” facilita o “FHC versus Lula”, por outro, tem tudo para resolver a parada no primeiro turno, fazendo Dilma correr contra o relógio.

Nesse momento, alguns se perguntarão: Mas como Lula não vê isso. A resposta é simples: Ele vê, mas tem a crença de que os dias de grande exposição da corrida presidencial entre o primeiro e o segundo turno não serão necessários. Resumindo: Acredita que Dilma liquidará a parada no primeiro turno, e não Serra.

Outro questionamento pode surgir nesse momento: Por que Lula arriscaria? Se o tempo de exibição trabalha a favor de Dilma, o que faz Lula não querer o segundo turno? Por que possibilitar a Serra vencer no primeiro turno, ao invés de forçar o segundo utilizando Ciro e o PSB?

A resposta seria a seguinte: Um segundo turno só é garantido com Ciro Gomes. E com Ciro Gomes na contenda, Dilma não é mais a única que aposta no continuísmo. Pior do que isso: Pode ser Ciro, e não Dilma, o representante governista no segundo turno. Isso Lula não aceitaria. Atentaria contra sua imagem messiânica.

É nesse cenário que o PSB entrega a candidatura de Ciro Gomes nas mãos de Lula. Sendo assim, os socialistas só terão candidato se Lula entender que isso ajudará Dilma. Acontece que, como já explicado, o Presidente prefere os prós e contras da eleição plebiscitária do que os prós e contras do segundo turno. Portanto, Ciro não deve ser candidato.

Lula elogiará sempre Ciro e não o proibirá de ser candidato. Mas provavelmente inviabilizará uma candidatura competitiva do PSB, atraindo todos os apoios da base aliada para Dilma. É quase como se proibisse.

A grande resposta que une todas as peças desse quebra-cabeça é a de que Lula prefere ver Dilma derrotada e a eleição terminada no primeiro turno, do que um segundo turno entre Ciro e Serra.

Isso se for o caso. Lula acredita de verdade que pode fazer Dilma vencer Serra no primeiro turno, mesmo tendo a noção de que uma campanha mais curta favorece Serra.

Acontece que a presença de Ciro Gomes na disputa não apenas garante o segundo turno, ela retira votos de José Serra. É por esse fato poder ser somado ao prejuízo para Dilma de uma campanha curta que pode-se dizer que a eleição plebiscitária pode favorer Serra de certa forma.
Os índices da pesquisa CNT/Sensus divulgada recentemente comprovam isso:

No cenário que inclui Ciro, José Serra tem 33,2%, Dilma Rousseff 27,8%, Ciro Gomes 11,9% e Marina Silva 6,8%. Sem Ciro, José Serra tem 40,7%, Dilma Rousseff 28,5% e Marina Silva 9,5%.
Percebe-se que os votos de Ciro migram muito mais para Serra do que para Dilma. Se fosse concretizado em outubro o cenário atual sem Ciro aferido pelo Instituto Sensus, Serra venceria no primeiro turno.

Em suma, a eleição sem Ciro, plebiscitária, desejada por Lula, pode, dependendo da conjuntura, auxiliar um Serra que, recebendo muitos votos que iriam para Ciro, conseguiria manter alguma distância de votos para uma Dilma que, sem o segundo turno e sua propaganda na televisão que foca apenas a corrida presidencial, não alcançaria Serra no primeiro turno confuso, orbitado por candidatos a Governador, Senador, Deputado Federal e Deputado Estadual.

A dúvida que fica é: Está certo Lula ao, mesmo sabendo de tudo isso, acreditar que Dilma tirará toda a vantagem de Serra mesmo sem o segundo turno ou está certo entendimento de que, sem Ciro na corrida e sem segundo turno, o plebiscito dará a vitória a Serra, independentemente da comparação dos governos de FHC e Lula, até porque haverá comparação, pelo PSDB, das biografias de Serra e Dilma?

Aguardemos para ver, como diziam os antigos, quem tem mais garrafas vazias para vender.

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