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terça-feira, 15 de junho de 2010

A ENXAQUECA E A CONTA A PAGAR

Acredito que muito de vocês já se depararam com aquela triste cena de final de uma rodada de cervejas ou de uma festa, quando sobrou só você na mesa, a galera foi embora e lá está você, sozinho, cercado de garrafas vazias, pratos sujos, cinzeiro transbordando de guimbas, alguns cascos quebrados, guardanapos marcados de batons, umas moscas lambiscando os restos e um cão deitado ao pé da mesa, completamente apagado, farto de tanto comer.

Ao se dar conta de que só sobrou você, chega o garçom, de forma direta e incisiva, louco para se ver livre daquela noitada de trabalho (para ele) e zoação (dos outros), com uma enorme lista dos pratos e bebidas consumidos. Você olha à sua volta... ninguém mais... Pega, desconfiado, a conta. Eis a facada, apunhalada friamente direto no peito. Você não tem coragem de soltar a voz, mas, ruborizado, pergunta-se mudo... Como pode termos bebido tudo isso? Quem pediu esse prato aqui? Que merda é essa outra ali? Filhos da puta, encheram os rabos, deixaram aqui uns trocados e caíram fora. Que merda!

Quando penso no modo de uso de Itabira hoje, comparo a uma mesa cheia de gente bebendo feliz da vida, brincando, cantarolando desafinados, ao som de carrões estacionados, disputando qual é o mais alto: o brega chic ou o pagodão? Daqui a uns anos, não veremos mais esses "amigos" nestas paragens. Pensaremos, será que Drummond previu isso com o "E agora, José?".

Há mais de uma década, tem sido raro surgir bons nomes na política itabirana. Muitos dos que poderiam se habilitar com louvores populares e com capacidades de governarem, não se dispõem e correm léguas de convites.  Por quê dessa escassez? Por que as instituições organizadas temem lançar nomes e preferem consumir o prato-feito?

Coincidentemente, há mais de uma década,  foi criada e mantida uma forma de comunicação, arquitetada na Câmara de Vereadores, por volta do ano 1998, e continuada na esfera do executivo desde então, que se baseava nas seguintes regras: 
  1. Distribuição de anúncios para a imprensa, de forma que, os que mais lhes servissem, receberiam mais e os que teimassem em contrapor aos interesses de quem as mantinham, seriam cortadas.
  2. Toda e qualquer iniciativa de oposição ou tentativa de ir contra os interesses do grupo, deveriam ser sumariamente queimados, de forma covarde, valendo-se, inclusive, do uso de factóides, mentiras ou boatos, para se atingir o objetivo de coagir e meter pavor, mantendo o opositor à distância.
  3. Discrição total. A comunicação deve ser transparente, que quer dizer: não devemos ser vistos e nem precisam saber quem somos. Aos órgãos contratados, a exposição e a tarefa cumprir com o que queremos.
 Pois então, depois que terminar a farra em Itabira, quando mudarem os rumos políticos e chegar o fim do ciclo do ferro, essa sensação de fim de festa poderá ser sentida pelos sobreviventes, aqueles que ficaram com as contas nas mãos. E as casas e os prédios? A quem servirão? Quem os construíram, venderam e estão longe. Quem os comprou, que se virem. Ah! E os caras da comunicação? Em outras paragens...


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