FILHOS DO CAUÊ

Estava com esperança renovada no final de 2008. 

Após uma campanha decadente, com muito suor e choradeira, João Izael retornou para a prefeitura de Itabira. O que eu não compreendia era como uma gestão pífia de resultados, com mais indícios de enriquecimento de alguns ex-secretários, podia ter o prefeito tamanha aceitação, a ponto de corrermos o risco de  o reconduzirmos ao cargo com uns 75% ou mais? Ser oposição, na época, chegava ser motivo de risadas, deboches e de soberba de seus parceiros. Passados os programas eleitorais, João despencou. Foi eleito, mas como me disse um  prefeito de uma cidade da região do Caraça, ele "ganhou a prefeitura, mas perdeu as eleições". Por que tal contradição?

CAÇA ÀS BRUXAS

De quem era a culpa da decadência Izaelista? Dos marqueteiros dele? Da estratégia de marketing do Damon?

Na minha opinião, ambas contribuíram, mas o que fez real diferença foi a estratégia equivocada adotada por sua assessoria de comunicação ao bancar um número de fim de mídias para só falarem bem do governo, sob a consultoria da agência que o atende, que preferiu plantar factóides e sugestões de meias-verdades. Os asfaltamentos para Nova Era e Monlevade, "vitória da prefeitura!", defendia o marketing oficial. Estratégias como esta fazem criar um tipo de redoma muito oportuna para se esconder mal-feitos, tal como ao varrer a sujeira para debaixo do tapete.

Daí, diante da impunidade, da ocultação de erros, cria-se uma imagem surreal e fantasiosa, facilmente desmascarada em épocas de eleições, quando despenca de forma, praticamente irreversível, diante do simples ato de se levantar o tapete. Reeleger-se, com tanto dinheiro colocado à disposição, não é tarefa difícil. O complicado (e quase impossível) é recuperar a moral. Uma vez mentido, desfazer-se do rótulo de falso, é que eu quero ver. Por isso, até o momento, não acharam forma de recuperar o seu bom nome.

João não percebeu a tempo que, se a imprensa séria aponta falhas com propriedade (e há mídias com eles que adorariam contribuir mais nesse sentido, acreditem), seria tirado dos seus olhos a venda que tampavam-lhe a visão, enquanto os ratos tomavam conta dos porões. Bastaria corrigir cada problema pontualmente, antes que sua navegação caísse nesse caos.

QUAL SOLUÇÃO?

A melhor oportunidade passou, que seria na transição de governo, momento que João deveria ter se preparado para fazer um senhor choque de gestão, colocando à sua frente um time de peso, sério, idôneo à qualquer prova, altamente qualificado e técnico. Não quis e cedeu às pressões partidárias, colocando ex-vereadores e políticos desgastados no primeiro escalão. Complicou a reeleição do Ronaldo, inviabiliza novas germinações como a do Neidson e cai em mais descrédito, transformando o governo numa nau sem rumo, em meio às piores tempestades.

Em véspera de eleição proporcional, não seria lá tão oportuno, mas vá lá... Necas. Nem assim. 

E agora, João?

O ideal  seria achar um momento novo, um bom motivo para se desfazer do lastro que lhe afunda aos poucos, para o fundo do oceano, levando consigo toda a tripulação e outras embarcações do comboio. Ou então, quem sabe, provocar uma audiência pública ou uma coletiva para dizer: "Não quero errar mais. Perdôem-me pelas falhas e quero reconstruir tudo do zero..." Será que seus eleitores confiarão de novo? Sei não... Na boa, não sou marqueteiro e não sei o que fazer agora... Eu fico aqui torcendo por uma solução. Como disse aqui antes, não aguento mais ver Itabira assim...

EXPORTANDO "TALENTOS"

Não bastasse ter afundado o bom nome do João Izael, parte da turma começou a vociferar contra os poucos que sobraram em não aceitar bajular o governo, outra parte avançou região afora. 

Gustavo Prandini, prefeito de João Monlevade, por exemplo, tinha tudo para fazer um dos melhores governos da região. É novo, bem afeiçoado e bem estudado. É do PV, uma bandeira leve e legal de se carregar. Chegou à prefeitura em plena época que a Arcelor  inicia sua duplicação da usina siderúrgica.  Eu mesmo (e acredito que todos os monlevadenses) depositava nele as melhores esperanças. Destino quase igual ao que prometia para Izael. 

Até que, os mesmos parceiros do João, alastradores de campanhas imorais e da caluniação, pelo que nos foi informado, infiltram-se na sua campanha, doaram recursos como se fossem  ideologicamente iguais, e, depois da vitória, tornam-se "chegados" do Prandini, propondo ações infelizes, trazendo consigo pit bulls banguelos para responderem aos ataques com iguais armas do mau, nivelando o governo Prandini por baixo, onde não deveria descer. 

Prandini sujou suas mãos e manchou a bandeira verde com sangue sujo. Só que, para ele, por ser novo na política, é mais fácil de se recuperar e a população pode relevar. Mas tem que arregaçar as mangas, trabalhar duro e mudar de orientação estratégica. A linha de recalque, soberba e da perseguição deve ser substituída pela abertura do diálogo franco com a sociedade. É bem provável que ele tenha que mudar de guru político ou fazê-lo se adaptar. 

Força Prandini! E bom trabalho!

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