PRIMEIROS
COMBUSTÍVEIS
Às 9
da manhã de ontem, aconteceu uma tumultuada reunião na Câmara
Municipal de São Gonçalo do Rio Abaixo. Casa cheia com populares
atentos a todos os passos, direção de sindicatos de cidades vizinhas, representante do governo pronto para
defesa, vereadores ressabiados e uma pauta de votação polêmica
eram os combustíveis essenciais para mais um incêndio político.
12 É
O MELHOR DELES
Dia 14
foi o dia da votação do Projeto de Lei 09/2013, de autoria do
prefeito Antônio Carlos Noronha Bicalho, para conceder aumento de
12% para os servidores públicos municipais.
A
princípio, uma Lei que poderia seduzir o funcionalismo, porque prevê
aumento real de 5,37% (acima da inflação aferida), mais uma
gratificação especial para quitação em dezembro com mesmo valor
do salário do servidor, sendo estas vantagens válidas apenas para
quem ganha até 4 mil reais. Para quem ganha acima desde valor, a
gratificação cai para 70% e secretários, secretários-adjuntos,
prefeito e vice não têm direito à ela.
Coincidentemente,
o total do aumento (6,53% da inflação + 5,37% de ganho real) fecha
em 12%, que é o numeral do partido do Prefeito (12-PDT). Bem que o prefeito poderia ser do PTdoB, pra fechar nos 70%, que é o numeral deste partido, não!?
O
AUTORITARISMO E OS PULOS DOS GATOS
De
volta à análise, o primeiro pulo do gato estava no parágrafo 7º,
do artigo 3º do Projeto de Lei do Aumento, que ressalva que só
terão direito à gratificação os servidores que atenderem “aos
requisitos de assiduidade, bom comportamento, cordialidade,
pontualidade e outros requisitos definidos em Decreto próprio do
Executivo Municipal”, ou seja, uma condicionante sob risco de recair no abuso
político e de assédio moral, que os vereadores aprovaram
cegamente. Como por exemplo, condicionar a um por fora só se o
servidor for bonzinho com eles, se agradar ou puxar saco, ou se for
eleitor deles. Ou não seria bem assim? Os critérios de assiduidade
e pontualidade são interessantes para o bom desempenho da máquina
pública, mas há os que são muito subjetivos, como por bom
comportamento e cordialidade. Ser cordial com quem? Como assim!? Sem
falar da última condição de “outros requisitos definidos em
Decreto próprio do Executivo Municipal” abre para estranhas e inimagináveis possibilidades. Muito estranho...
O
segundo pulo do gato estava na Portaria 22/2013 baixada pela
presidenta Luciana Maria Bicalho, a 3 dias da votação, ditando que
nenhum vereador poderia protocolar novo Requerimento anteriormente
aprovado pela casa e que tivesse a finalidade de alterar índices,
quantidades e espécies, que a “presidenta” escorou no Regimento
Interno. Tal advertência parecia ter endereço certo, com mira em
cima do vereador Luiz Gonzaga (Pelé) Fonseca (PSDB), que pretendia
pedir vista no projeto e/ou pedir que o aumento fosse de 22%.
O
terceiro pulo, que denunciava o abuso de poder e o autoritarismo, se mostrou presente em várias atitudes repressivas. A primeira ocorreu antes da reunião, quando os chefes de seção
e de departamentos da prefeitura ameaçaram cortar os pontos dos servidores que fossem
à votação, segundo informações dos presentes. Já no momento da reunião, a presidenta disparou seguidas ameaças. Primeiro, veio logo com o puxão de orelhas ao citar que o regimento interno não permite manifestação do público, mas sem sucesso. Ao fechar o dia, ela convocou a secretária do vereador de oposição em sua sala para uma estranhíssima tentativa de advertência formal, só porque ela, num único momento da sessão, aplaudiu a
atuação do vereador dela em companhia de todos os presentes, quando ele tentava conter os ânimos dos presentes. Na alegação da presidenta, a secretária incitou os presentes contra a mesa. Entretanto, durante a cobertura do evento, gravamos em vídeo vários momentos que contradizem a quebra do regimento alegada pela direção da casa, que estão à disposição para consulta e até mesmo futura defesa jurídica.
ACENDE
O FOGO
Vereador Pelé (esq.) |
Inicia-se a reunião. Pelé logo
defende os 22% de aumento e questiona as estranhas condições para a
gratificação, quando é aplaudido de pé. Luciana tenta colocar
“ordem” na casa, tenta impedir e ameaça os servidores com perda
do aumento naquele mês. Imediatamente, os servidores rechaçam
dizendo que apenas atrasaria o aumento, mas que receberiam de forma
retroativa, garantidos pela Lei. Gritos, vaias e xingamentos seguem
por alguns minutos.
O vereador Paulo (Paulinho)
Fonseca (PT) e Alisson Menezes (representante do governo) tentam
explicar que o dinheiro da Vale (Cefem) não pode ser usado na folha
de pagamento. Paulinho, ainda exaltado, ressalva que se a prefeitura
aumentar muito, os comércio poderia perder mão-de-obra, por não
acompanhar com igual remuneração, podendo gerar ainda mais
desempregos na cidade. Nas contas dele, passam de 700 desempregados.
Então, o Pelé questionou que se
eles estavam tão preocupados em não sobrecarregar a folha, por quê
criaram mais 3 secretarias, com outros 45 novos cargos em comissão?
O público aplaude de pé, pela segunda vez.
BUUUM!
Mesmo
com os bate-bocas, populares exaltados, tentativas de calarem as
manifestações “por ordem na casa”, como era de se imaginar, o
projeto foi aprovado. Afinal, o governo tem absoluta maioria na casa,
com apenas um único vereador na oposição.
Saem
bem queimados os vereadores governistas e o jovem governo, ao se
colocarem diante do front
da batalha, quando contrariaram os servidores com imposições,
joguetes, autoritarismo e um aumento até razoável, mas forçado
goela abaixo por falta de diálogo e as devidas explicações. Função
esta que deveria ter contado com a intermediação de um sindicato.
OPS...
E O SINDICATO!?
Num dos últimos apelos para
tentar convencer os servidores, Paulinho do PT, sem saber da
existência do Sindicato dos Servidores, lembrou da falta que faz na
cidade, propondo que os servidores o criasse.
Foi quando foi informado, por
este repórter que assina esta matéria, que há um sindicato dos
servidores, encabeçado por membros do primeiro escalão e demais
servidores com cargos em comissão (Clique
aqui para ver). Ou seja, há um sindicato de linha patronal (que
defende os interesses do patrão), cuja última diretoria foi
“eleita” em chapa única e por aclamação numa “assembleia”
desconhecida pela maioria dos servidores, ocorrida no início de
fevereiro e sem publicidade prévia para formação das chapas, ou
mesmo com chamadas para o dia da votação.
Pelo que tudo indica, aí está
mais um forte indício de fraude eleitoral na cidade, que a
presidenta e os demais edis são obrigados a fiscalizar e parecem
ignorar os fatos, descumprindo com suas responsabilidades maiores.
Ao serem questionados, por nossa
reportagem, se algum servidor ali presente tinha conhecimento desse
sindicato ou se sabiam onde é a sede dele, ninguém soube responder.
Fecha com cinzas o infeliz dia dos governistas.
Fecha com cinzas o infeliz dia dos governistas.
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