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sábado, 12 de dezembro de 2009

Isso é lá em Ouro Preto

Pois bem... gostaria de compartilhar uma visão sobre um fato acontecido fora das fronteiras de nosso município e que, por isso, parece não nos atingir. Veja só: a Vale, empresa mineradora tão conhecida de todos nós, fez o lançamento do Instituto Tecnológico Vale, anunciando a criação de três novos centros de pesquisa no país. Trata-se de um instituto dedicado à produção de conhecimento científico, através de pesquisa e ensino de pós-graduação. A idéia é fomentar a produção de pesquisas e o desenvolvimento econômico de base tecnológica. Os centros de pesquisa ficarão em Belém, no Pará, em São José dos Campos, São Paulo, e em Ouro Preto, Minas Gerais.

Um centro de pesquisa como o que será criado em Ouro Preto produz riqueza com alto valor agregado e de modo perene. O investimento contribuirá para dinamizar a economia local. Daí, eu fico matutando o que levou o centro de pesquisa focado em temas da mineração para lá e não o trouxe para cá. Certamente, a presença da universidade numa cidade mineradora é um atrativo considerável, pois favorece o elo entre centro de pesquisa e centro de formação – a universidade. Algo mais?

E Itabira? Bom, para cá virão vultosos investimentos, com geração de muitos empregos, para fazer ainda mais do que já fazemos há tempos: minerar. É um investimento importante para o município, bom dizer... Mas não modifica em nada nossa dependência da atividade mineradora. Ao contrário.

Nossa cidade possui uma economia forte, robusta, mas fortemente dependente da mineração. De certo modo, deveríamos agradecer pelo minério estar sob nossos pés, e não em outro lugar. Ao contrário de outras atividades econômicas, a mineração obedece à rigidez locacional, pois a riqueza da terra somente pode ser retirada onde a natureza escolheu deposita-la.

Porém, bom lembrar: a mineração é atividade que agrega pouco valor ao produto. Com pequeno exagero, podemos dizer que vendemos minério retirado e separado do solo. Pouco valor agregado. Além disso, a mineração é atividade finita... em algum momento, não adianta mais cavar a terra, pois o metal valioso terá acabado. Minerando, não podemos evitar que o minério acabe.

Nossa responsabilidade é criar alternativas para superar a dependência econômica da mineração. Isso já é discurso antigo, né? Mas é fato que após algumas décadas de atividade o município não desenvolveu alternativa econômica à mineração. Infelizmente, não se percebe avanços significativos para mudança desse quadro.
Economistas afirmam que para superar o ‘enclave econômico’, ou seja, essa dependência acentuada é preciso haver a participação firme do poder público. A empresa paga os impostos, gerando elevadas cifras aos cofres públicos. A empresa cumpre sua parte, cabendo ao governo, com os significativos recursos que arrecada, criar mecanismos para dinamizar a economia. Advogados pretendem responsabilizar a empresa, apontando condutas e danos. E quem é o responsável? Me parece um desafio, ou melhor, uma enorme responsabilidade que precisa ser compartilhada: Poder Público, Vale e sociedade. De fato, é um desafio de todos nós!

E o centro de pesquisa de Ouro Preto? Bem, como eu falei, o centro de pesquisa vai gerar riqueza com alto valor agregado, fomentando o desenvolvimento econômico de base tecnológica. Além de valor, produção de pesquisa é uma atividade que não acaba com a prática, ao contrário, perpetua. Muito bom pra cidade!

Mas isso é lá em Ouro Preto, não é aqui não...

3 comentários:

  1. Acredito que isso deriva da falta de força política dos nossos políticos.
    Talvez, eles tenham outras "preocupações" para Itabira, ao invés, de favorecer e limitar sua dependência dos tributos oriundos da extração do minério.
    A população itabirana precisa saber escolher melhor seus representantes!
    Acordem!

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  2. Excelente colocação, Bernardo!

    Semanas atrás, encontrei-me com Olemar Tibaes, ex-colega da Funcesi onde estudamos e lecionamos, num aniversário em São Gonçalo. De repente, algumas pessoas começaram a pressionar o Olemar, hoje, gerente de área em Itabirito, para uma maior participação da empresa em Itabira.

    Por maior amor que eu sinta por Itabira, não me contive em defender o Olemar. Entendo que fica difícil exigirmos mais da empresa, uma vez que ela sempre cumpriu com seus deveres e o pior, dos últimos investimentos que a empresa fez nos parques Água Santa, Belacamp e Nova Vista, todos encontram-se completamente abandonados pelo nosso poder público. Não bastasse isso, imagino a frustração dos dirigentes da empresa ao notarem o quanto morosas são as ações da Prefeitura de Itabira. O campus da Unifei, até a pouco, não se iniciou, sendo que anos atrás, a câmara já tinha aprovado a verba para sua instalação. O orçamento bilionário, garantido com fartos impostos pagos pela Vale, não tem sido suficientes para sequer garantir investimentos com recursos próprios.

    Aí, meu caro, fica difícil cobrar. Entendo que perdemos o discurso pelos maus cuidados e omissão de nosso povo ao voltarmos a colocar no poder as mesmas pessoas que não cuidaram devidamente destes patrimônios públicos edificados com recursos da Vale.

    Enquanto isso, a Câmara cega, cujos vereadores custam mais de 1 MILHÃO DE REAIS AO ANO, cada um deles, para os cofres públicos, ficam bancando aparências, transmitindo as reuniões vazias de conteúdo, se omitindo, não cumprindo com o seu dever mestre: de fiscalizar.

    E assim vamos sendo esquecidos, com bolada nas costas do deputado, bolas nas costas dos vereadores e dos demais agentes políticos, que se ocupam no favorecimento próprio e que deixam nossa cidade ao léu.

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  3. Bernardo,
    Concordo com você. Foi uma grande perda para Itabira. Não tenho como afirmar os motivos desta perda, mas a fragilidade política local fica evidente.
    Devemos ficar atentos para que outras não ocorram.
    Julgo que articular a sociedade civil Itabirana: entidades estudantís, associações etc.., deva ser o melhor caminho para evitar maiores danos.
    Que tal uma articulação entre a UNIFEI e FUNCESI? Não uma articlação institucional, da burocracia, mas dos diretórios estudantís, das associações de professores e demais itabiranos interessados em debatermos o futuro. Que tal um movimento SALVA ITABIRA!
    A título de informação: um simples investimento numa siderugia que vai para Anchieta, Espirito Santo, é maior, bem maior que tudo que será investido em Minas pela VALE.
    Jânio Bragança

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