VAMOS VIAJAR?
Meus caros conterrâneos, assim que li na imprensa local a notícia de mais uma visita do prefeito João Izael, acompanhado pelo presidente da câmara Neidson Freitas, Cácio Guerra (presidente do Indesi), dos presidentes da CDL e da Acita, dentre outros, ao Parque Tecnológico de São José dos Campos-SP, fiquei sem entender o porquê que a gente tem a mania de achar que as coisas de fora é que são melhores.
Alguns deles, custeados pela Prefeitura de Itabira, já estiveram visitando outras paragens, também, modelos de tecnologia, em Santa Rita do Sapucaí e nada menos do que na Espanha e em Portugal. E só não foram ainda à Nasa, pelo que dizem por aí, porque depois do desastre com a Columbia, em fevereiro de 2003, a pobre coitada da Nasa não tem sido mais a mesma. Por fim, chegam a comparar Itabira com uma reles cidadezinha francesa, uma tal de Valbonne Sophia-Antipolis, muito provavelmente, bem atrás, tecnologicamente falando.
Para não deixar dúvidas, consegui umas imagens do nosso moderno instituto tecnológico, feitas pela Prefeitura de Itabira, em maio de 2003. Com vocês, o moderníssimo parque itabirano, o incomparável I-Tec!
Bem-vindos, caros visionários investidores! Este espaço é destinado, exclusivamente, para empreendedores de visão. |
São centenas de empresas de tecnologia confortavelmente instaladas no moderno centro tecnológico itabirano. |
Investidores internacionais têm sido atraídos para parcerias de bilhões de dólares para desenvolvimento de projetos com as empresas do I-Tec. |
Sem falsa modéstia, depois que Aécio Neves conheceu esse visionário mega-projeto itabirano, é que teve a idéia de fazer o Cidade Administrativa. Foi, ou não foi? |
Não se preocupem, caros visionários investidores... podem vir voaaaando, que até heliponto temos para melhor recebê-los. |
Aviso do editor: O texto acima deve ser interpretado como obra de ficção, porque nem todas informações nele contidas são verídicas. Foram redigidas apenas para provocar reflexão. Portanto, não saiam por aí, principalmente para visitantes, vendendo o que não existe.
OK, VAMOS POUSAR NA TERRA AGORA...
Passados 7 anos do lançamento do parque tecnológico, pelo ex-prefeito Ronaldo Magalhães, vamos à realidade. Resolvi dar uma volta pelo I-tec, no endereço acima informado, e confirmei como está o nosso parque. Segundo matéria da Defato (edição 211, página 43), são 4 empresas instaladas no I-Tec, depois de 7 anos de vida. Ainda na Defato, um quadro comparativo bem esclarecedor: o parque de São José dos Campos conta com 42 empresas, após apenas 4 anos de vida. E, pelas fotos, ele sim, é moderníssimo. Já aqui em Ita do Matto Dentro, parte do prédio está cedido, provisoriamente, para a Unifei, porque as obras da escola encontram-se super atrasadas. Os alunos ainda se espremem em alojamentos improvisados. Vejam as fotos reais.
Vista geral verdadeira do I-Tec. Ao fundo, alojamentos improvisados para alunos da Unifei. |
Vista frontal verdadeira do I-tec. Em primeiro plano, o improviso dos alojamentos da Unifei. |
Querem mais detalhes? Acho que chega, não? |
CALMA AÍ...
Pessoal, agora é sério! É claro que não sou contra a instalação de um parque tecnológico, até porque sou graduado em TI e trabalho na área há mais de 19 anos. Na boa, eu acredito mesmo que uma das melhores saídas contra a dependência econômica da mineração é investir em tecnologia limpa. Por isso, defendo a Unifei, a Funcesi, o I-Tec e todas demais iniciativas que sejam reais, verdadeiras, sem politicagem e sem jogo de marketing político.
A questão que me entristece é a capacidade da imprensa e dos líderes itabiranos de perderem a memória e de perderem o senso crítico. Principalmente, agora, em plena época de eleições. Ou seria essa a "grande sacada"?
Quando foi lançado o I-Tec, eu era graduando em Sistemas de Informação na Funcesi, pela Fatec (Faculdade de Tecnologia) e era conselheiro da entidade. Apesar da Funcesi ter sido citada como parceira na empreitada, não me recordo de nenhuma ação da prefeitura com o corpo discente, no sentido de buscar projetos, conhecer planos de negócio, tecnologias em estudo, ou mesmo em nos convidar para participar ativamente do projeto. Cheguei perguntar para alguns professores e nenhum deles soube informar nada, na ocasião. Anos depois, lecionei por 1 ano e meio na Funcesi. E o I-tec, pelo visto, ficou só no plano político.
Agora, se o prefeito anunciar que vai mesmo executar o projeto previsto, com inauguração ainda no seu mandato, me calo e ergo as mãos para aplaudí-lo de pé. Se garantir, é claro.
Ah, querem saber. Chega. Sem mais comentários.