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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Mensagem de um lutador: o Apolo Heringer.

Tomo a liberdade de publicar uma mensagem de um amigo o médico e ambientalista Apolo. Sua mensagem é crítica e muito lúcida. Tenho grande concordância com ele.
É um depoimento de um cidadão crítico e batalhador:


"Domingo votaremos para presidente. Uma mulher pela primeira vez poderá ser nossa presidente. A última com algum poder foi a princesa Isabel, nunca uma mulher dirigiu o país. Nenhum operário havia dirigido nosso país antes de Lula. Bastou uma ditadura militar em 1964 para tudo isto acontecer. A história faz coisas certas com linhas tortas. Os militares torturaram Dilma e nela, todas as mulheres do mundo. Se bater em mulher o povo considera covardia imagine torturar uma mulher numa prisão militar. A COLINA – Comandos de Libertação Nacional, de Minas Gerais, se organizou nos anos 60 em BH e pegou em armas para derrotar a ditadura. E agora pode eleger Dilma, uma mulher militante da liberdade, militante da COLINA, a primeira presidente do Brasil. Tortura quebra costela, mas não muda opinião. Tem sentido uma pessoa como a Dilma ser difamadas por emails anônimos acusada de ter enfrentado a ditadura em defesa da liberdade e da justiça social? Em qualquer país ela seria tratada como uma heroína. Foi graças a pessoas como ela que hoje Lula governa o Brasil. Divergências há, e sempre haverá, mas o saldo é muito positivo para o povo brasileiro, tanto para os pobres como para os ricos!
Todos os vídeos divulgados sobre Dilma são falsos e quase todos anônimos. Ela é belorizontina, de classe média, perdeu o pai na adolescência, assumiu a luta política pelo país com 16 anos. Ajudou a criar associações pró-melhoramento de bairros em BH, a meu lado, no Cruzeiro, Carmo, São Pedro em 1965, como forma de não parar a mobilização social que foi o objetivo do golpe de 1964. Nunca desistiu de lutar. Não foi sem razões que foi escolhida por Lula e pelo PT como candidata a presidente. Nos anos 70 após deixar a prisão da ditadura foi com seu marido viver em Porto Alegre/RS e após a Anistia entrou para o PTB junto com Leonel Brizola só tendo vindo para o PR por volta de 2001. Sempre associada às grandes mobilizações populares trabalhistas e políticas como pelas Diretas Já.
Alguém poderá supor que sou filiado ao PT ou que já me beneficiei desta política. Esclareço que jamais recebi qualquer benefício, pelo contrário. Nunca tive nenhum apoio do PT para nada. Não sou filiado a nenhum partido, não respeito nenhum deles e considero as eleições brasileiras um processo estruturalmente corrompido, injusto, uma falsificação legalizada da escolha democrática. Em que pese meu profundo repúdio a esse processo, fato é que quem vencer este jogo muito provavelmente tomará posse no dia 1 de Janeiro de 2011 e terá poderes para governar nosso país por 4 anos. Como estou militante das causas ambientalistas e sócio-ambientais fiquei reticente em apoiar qualquer um dos dois candidatos deste segundo turno. Mas três fatores modificaram minha decisão. Primeiro, a indignação contra o movimento articulado por fantasmas usando símbolos da extrema direita militar e religiosa difamando um ser humano digna. Segundo, a esperança de que ela irá rever a posição do governo brasileiro sobre o meio ambiente. Irei ser oposição a ela se isto não acontecer. Terceiro, para que os benefícios sociais gerais trazidos pelo governo Lula sejam preservados e a seguir alterados para melhor. E um último motivo, muito pessoal, chega a ser um capricho a que me permito, embora não seja o motivo principal, quero ter o prazer de ver uma militante da COLINA, movimento de resistência à ditadura nascido em Belo Horizonte, fundado por jovens, na presidência da República do Brasil. Votarei em Dilma. Ela mostra que nossa luta não se intimidou diante das prisões, torturas sofridas e numerosos assassinatos. Todos os jovens das gerações dos anos 60 e 70 com ela são vitoriosos sobre a conjuntura social que produziu a ditadura de 1964. Ditadura insuflada, financiada e militarmente ancorada no suporte da marinha dos Estados Unidos estacionada em nossa costa, conforme arquivos do Departamento de Estado e revelações do ex-embaixador Lincoln Gordon. Todos os heróis desta luta merecem esta vitória.
Estou, no entanto, solidário com muitos argumentos sérios da oposição a Lula e a Dilma. Os dois lados se atiçando estão praticando uma farsa política com fins eleitoreiros. Precisamos aprender a respeitar os opositores decentes que querem contribuir para melhorar nosso país. Inclusive os milhões que votaram na Marina e que são do nosso campo preferencial. O PT está completamente erodido. Seus intelectuais se comportam muitas das vezes como tietes e propagandistas. Hoje só conta o discurso para o pobre, como se as idéias e o mundo intelectual estivessem alheio a esta luta. Isto nunca aconteceu em nossa história. O Brasil precisa de uma profunda e urgente reforma política que não seja monopolizada seja pelo Congresso Nacional seja pelos partidos existentes. É preciso que estas reformas atinjam o sistema eleitoral, reveja a forma de exercício da representação popular e o papel da grande mídia comercial, descompromissada com a verdade da informação, que modifique o funcionamento do poder legislativo, do judiciário e do executivo pendurados na corrupção e no descrédito público. Mas fazendo a comparação entre os governos dos últimos dezesseis anos, em que pese acertos e erros de ambos, prefiro ficar com Lula e Dilma. Eles irão ter meu voto de oposição. Mas reitero minha profunda indignação com todos estes dois governos frente ao desrespeito ao meio ambiente, a ausência de diálogo com a sociedade civil pata todos os temas. Eles preferem conchavos com políticos desmoralizados a conversar com as lideranças sociais acatadas pela sociedade. Estes governos precisam encontrar saídas sustentáveis realmente para projetos energéticos de grande envergadura, como das hidrelétricas, desmatamentos e abusos do agro-negócio, propostas para o desenvolvimento sustentável do semi-árido brasileiro e a transposição do São Francisco. Até domingo à noite.
Mensagem de Apolo Heringer Lisboa, Minas Gerais. "

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