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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

PORQUE NÃO AO SERRA - II

Se vocês recordassem o que essa turma do PSDB de São Paulo fez com Minas Gerais e, por consequência, com Itabira, quando FHC foi presidente, teriam iguais restrições em votarem neles de novo. Como se passaram muitos anos e a maioria das pessoas têm memória muito curta, vou recordar algumas:
  • Entre 1998-2002, Itamar Franco foi eleito governador e o Fernando Henrique foi reeleito presidente. Neste período, houve uma briga política entre os 2, que deixou Minas e Itabira (por consequência) sem verbas e sem investimentos federais durante 4 anos! Foi quando Minas decretou um tipo de moratória (tipo, devo, não nego e não pago) contra a União. Com efeito, FHC cortou os repasses para Minas e passamos uma magrela danada. Não entro nos méritos da briga, mas nas danosas consequências.
  • FHC cismou de privatizar tudo, inclusive a Cemig, que é mineira e nem nas mãos dele ela estava. Itamar endureceu e não permitiu, graças a Deus. Já pensaram se a Cemig caísse nas mãos de quem quer mais lucro? Quanto iríamos pagar pela energia, neste ambiente de monopólio de fornecimento de um bem estratégico e essencial, motor da economia? Quem seriam os donos dela? A quem FHC privilegiaria? O minério de ferro, por exemplo, passou de cerca de US$ 5/ton para algo entre US$ 80/ton, entre o período estatal (década de 70) e privada. Do ponto de vista da Vale, beleza, porque se ela cobrou isso, é porque valeu no mundo globalizado e quem paga não são os contribuintes.
  • No tempo do FHC, as faculdades federais não recebiam apoio do governo federal, a ponto de, segundo informações chegadas, terem dificuldades de pagar contas de água e de luz. Nos tempos do Lula, o "analfabeto", os repasses aumentaram em mais de 80% e foram implantadas outras 15, inclusive a UNIFEI de Itabira.
  • FHC (tenho dito só FHC, mas leia-se Serra também, porque ele foi ministro e um dos cabeças de governo) privatizou dezenas de empresas públicas, que davam lucros menores, mas suas receitas eram distribuídas mais de forma mais socialmente justa, dentre elas a Vale, que passou a ter gana (a meu ver) exagerada pelo lucro. Vejam só algumas de nossas perdas:
    • Antes (1991, eu fotografei todos os empregados da Vale Itabira para identidade funcional), a Vale em Itabira, contava com mais de 7500 empregados diretos (salvo me engano), Hoje, são cerca de 2000 (pelo que se ouve dizer).
    • Antes, ouvia dizer que um operador de caminhão fora-de-estrada ou de locomotiva, recebia cerca de 10 salários-mínimos. Hoje, tenho ouvido dizer que há um monte de candidatos às vagas para ganharem cerca de R$ 1,5 mil, ou seja, cerca de 3 salários apenas. 
    • Essas reduções na folha de pagamento, são ótimas para aumentar o lucro de uma empresa, mas impactam diretamente no comércio e na vida das cidades. Isso foi péssimo para o comércio e péssimo para a cidade. Se imaginarmos uma economia de 5 salários,-mínimos por empregado dispensado (5000 homens e mulheres), chegamos a R$ 12.500.000,00 a menos, POR MÊS, circulando na cidade, comprando e pagando. É claro que temos que levar em conta que deve ter aumentado o número de terceirizados, que recebem bem menos. Esta aí um estudo que a Acita deveria ter em mãos e abrir conosco uma discussão para elucidar melhor os fatos, ao invés de perder tempo com política de deputados, que poucos resultados trouxeram para a cidade.
    • Recordo-me que a Pires&Alvarenga, revenda da Chevrolet na cidade na ocasião, foi considerada a revenda do interior que mais vendia carros novos no Brasil. Era muito comum, nos finais de ano, técnicos da mineradora comprarem carros de luxo, zerinhos. Hoje, vejo-os circulando em automóveis populares, com alguns bons anos de uso.
    • Outro exemplo, minha empresa chegou a faturar uma média de 6 salários mínimos, por mês, porque a direção da Vale dava preferência para empresas da cidade. Conhecíamos os assessores de comunicação e haviam setores atuantes na cidade. Hoje, sequer sabemos quem eles são. Não tenho visto qualquer relação da comunicação empresarial no meio na cidade, a não ser um jornal (house organ) dela e alguns anúncios publicitários em alguns jornais. A Arcelor-Mittal, bem ao nosso lado, em João Monlevade, faz questão de privilegiar os prestadores de serviço locais.
    • Na parte social, então, eram inúmeras as participações diretas dela.
      • O Hospital Carlos Chagas foi construído e era mantido pela Vale. Hoje, ela ainda ajuda o HNSD, mas bem mais timidamente.
      • Tínhamos um parque super legal, que era o Itabiruçu, mantido por ela, amplamente divulgado como área de preservação e ponto turístico. Hoje, é apenas uma barragem de rejeitos fechada à visitação.
      • O Clube Valério e o Clubinho eram mantidos por ela.
      • Construiu a Ativa e a Arfita.
      • Ajudava e muito a Sociedade São Vicente, Apae etc. Hoje, não sei como é, porque não tenho visto na imprensa.
      • No natal (décadas de 70 e 80), a Vale contratava um avião e jogava, de pára-quedas de brinquedos, milhares de brinquedos para toda meninada na cidade, sem distinção se eram filhos de empregados ou não, bem como fazia grandes festas de natal abertas para a população. É capaz que suas mães se lembrem disso...
Por fim, até compreendo que havia exageros no assistencialismo, que não seriam bem deveres de uma empresa. Mas ela é mineradora, extrativista, que retira bens do nosso solo, que não são renováveis e que, cujas atividades, impactam diretamente na vida de todos nós. De nada adianta sermos uma cidade, que ostenta o 4° lugar no ranking das exportadoras do país, se sequer temos visto investimentos com recursos próprios na cidade (claro que trata-se de outro domínio, no caso, má gestão municipal).
De igual forma, não defendo que a Vale seja reestatizada, nem que deva perder o foco no lucro, tampouco em ser assistencialista. Mas defendo que o modelo de tributação seja refeito. Não compreendemos o porquê do minério de ferro render tão menos do que o petróleo. Ponto para o Anastasia que prometeu, em campanha, reavaliar, e tomara que tenha apoio da Dilma e do Aécio. Fica registrado aí nosso apelo e que cobraremos.

E o que Serra tem a ver com tudo isso? Simples, o que ele faz questão sempre de dizer na sua campanha:, como bonequinha russa. É do PSDB de São Paulo, correligionário de FHC, já foi prefeito,  governador e ministro, de quem? Do FHC...

Sacaram???

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