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sábado, 9 de outubro de 2010

ENTREOLHARES - PRIMEIRAS ANÁLISES DAS ELEIÇÕES 2010


Bem, passada a turbulência e a consequente ressaca pós apuração, chegou a melhor hora de esboçar umas primeiras linhas, as primeiras inferências desta recente eleição.

À propósito, minha estratégia de ter demorado, quase uma semana, para postar aqui os comentários, teve um princípio lógico e racional: esperar os ânimos baixarem. Não quis precipitar, nem correr o risco de inferir mal. De semelhante forma, agi durante no período da caça ao voto. Evitei induzir vocês e tentar quaisquer meios de favorecimento ou mesmo de sacanear quem quer que fosse. Salvo quando percebia abusos. Vi tudo de olhos bem abertos, colhi as informações e as guardei bem.  Não fiquei defendendo, nem pedindo votos para Damon, nem para Bernardo Mucida, nem Alexandre Banana, nem Adício, que eram candidatos que simpatizava muito e para quem já trabalhei. Senti a necessidade de ver e perceber a reação dos itabiranos, friamente. E, pelo menos para mim, ficou bem clara: a política itabirana está em baixa, em descrédito. O porquê, tentarei expor aqui, é claro, com as minhas limitações.

Para facilitar a leitura, pontuarei aqui cada fato e seus respectivos resultados, um a um. Vamos lá:




A CONTA DA SUBSERVIÊNCIA 

Se desde a primeira gestão do João Izael e principalmente nesta segunda, os vereadores se posicionaram em quase completa subserviência, a conta chegou agora e tende a vir mais cara depois. Primeiro, por conta da decadência da moral do prefeito e de seu grupo, segundo, por conta do ostracismo e da própria subserviência dos vereadores, até poucos meses antes das recentes eleições. Eles não fiscalizaram nada, até então, e deixaram se levar pelas indicações de alguns carguinhos.

A baixa votação do Élson Sá (2.633 votos em Itabira), é um dolorido exemplo. Élson teria muito maior potencial, por certo. Os eleitores não viram nele melhores intenções. A tardia virada de mesa prejudicou sua performance e pode deixá-lo (ele e seus demais colegas) de fora na próxima disputa, se recuarem na postura que lhes cabem. A idéia de deixar o Neidson Freitas (presidente da câmara) correr solto, até o início deste ano, custou caro e só foi boa para o presidente. A sobrevivência política deles começa já. Ou eles mantêm a postura, ou terão dificuldades de sobreviverem, até mesmo nas mesmas vagas. Os eleitores estão de olho e não são bobos como outrora.
 

E O ENQUADRAMENTO?

Este caiu no esquecimento. Com baixa moral, ao que parece, nem mesmo os candidatos fizeram questão de exigir do prefeito um posicionamento mais claro, sobre quem ele estaria defendendo para deputados estadual e federal. Daí, aquela convocação de 'enquadramento', disparada pelo prefeito no início do ano, caiu por terra.

Para federal, fiquei na dúvida se ele defendeu o Neidson Freitas, ou o Bernardo Santana de Vasconcellos. Tive notícias, inclusive, que o José Santana não andava nada satisfeito com essa 'timidez' do prefeito, ao não defender claramente seu filho, o Bernardo Vasconcellos.


NÃO ENTENDI

Quando vi um panfleto do Alexandre Banana (candidato a deputado estadual) pedindo voto junto com o candidato Leonardo Monteiro (candidato a deputado federal), ambos do PT, sendo que, em Itabira, ele tinha o Bernardo Mucida como correligionário, fiquei preocupado.

Qual foi o projeto do PT itabirano? Por que defender outro de fora, se ao lado dele havia um candidato, companheiro de chapa e da mesma cidade? Por que não se afinaram num projeto único da oposição, junto com Damon? Seria esta manobra, um receio de perder a supremacia pelo novo, ou de não acreditarem e avalizarem a candidatura do Bernardo Mucida? Ou será que o PT pensou em garantir reforço numa base mais sólida, ao trabalharem para um candidato com maiores chances e que acabou reeleito, deixando de lado um candidato novo (ou 'aventureiro', ou 'franco-atirador')?

Ficou muito estranho e o resultado foi trágico para o Alexandre, que terá muitas dificuldades de se manter na política por conta própria. Gosto muito dele, ele vem de excelente berço, tem muito boa índole e é honesto.  Receio que ele e o PT tenham pecado feio numa estratégia (a meu ver) kamikase. Tomara que tenham acertado e que sejam reconhecidos pelo Leonardo Monteiro e demais correligionários federais e estaduais. Senão...


DUAS SURPRESAS

Primeira foi confirmar a baixa votação do doutor Robson Esteves, para deputado estadual. Esperava-se bem mais votos para ele, principalmente por ser muito conhecido na região. 11 mil votos em Itabira foram, relativamente, poucos para seu potencial. No todo, alcançou 17.516 votos. Para mim, faltou nele um posicionamento mais claro de oposição ao governo itabirano, para dividir melhor os votos com Damon. Ter ficado em cima do muro, embora possa ser mais politicamente correto, não caiu-lhe tão bem, num momento em que os eleitores estão de saco cheio com a política local.

A segunda surpresa ficou para o Damon. É incrível como um candidato praticamente solitário, sem apoio maior do que de alguns militantes e com estratégia duvidosa, sem um projeto político claro e aberto, possa ter alcançado tantos votos (23.375 em Itabira, num total de 25.798 no estado). Damon brincou de ser teimoso e se deu bem. Tampou a boca de muita gente. Falar que esses votos são de oposição ao governo, não é lá tão verdade assim. Tais foram os resultados que, sem medo de errar, podemos afirmar que, se a eleição para prefeito fosse hoje, Damon ganharia, tanto se o cenário tivesse mais de 2 candidatos, quanto se polarizar em apenas dois (um governista e ele na oposição com mais dois partidos fortes). Ele colocou essa verdade em cheque, que acabou sendo revelada. O homem é bom de voto e é candidatíssimo a ser o novo prefeito de Itabira. Queiram ou não seus concorrentes.


FRANCO ATIRADOR

Ao postular o cargo de deputado federal, o jovem Bernardo Mucida foi ousado demais. Era um 'ilustre desconhecido', até então. Fez uma campanha tacanha e bastante franciscana. Sem dinheiro e sem apoio da militância petista local, mais parecia um pato fora d'água. A idéia de se candidatar a um cargo tão distante soou a brincadeira num primeiro momento, ou a tentativa forçada de se projetar na política. Era triste vê-lo em cima de uma picapinha, com um microfone na mão, falando, praticamente, para ninguém. Ou seja, um enorme risco político para sua jovem reputação política.

Abriram-se as urnas e veio o resultado: o danado foi até bem votado, levando-se em conta as limitadíssimas circuntâncias, dando-lhe pouco mais de 10 mil votos no estado.

Com uma possível composição do Bernardo Mucida como vice, tendo o Damon na cabeça e o apoio de outro grande partido, como o PMDB, Itabira passa a ser governada por outras mãos, em 2012. Aí, confirmamos as eleições de 2010 como mero ensaio e não terá mais para ninguém.


PODERIA TER SIDO MELHOR

Esperava-se mais votos para o Adício da Vale Verde. Um ponto que lhe prejudicou um pouco foi a  sua declaração de bens apresentada para a Justiça Eleitoral, na qual constava um empréstimo de R$ 245 mil para o ex-secretário de governo do João Izael, Sebastião Campos, que acabou lhe cacifando como um candidato ligado ao grupão. Se sua postura, que na verdade é autônoma politicamente, prevalecesse na cabeça dos eleitores, teria alcançado maior votação em Itabira.

Na região, sua candidatura contou com bom volume de campanha, onde é bem conhecido e respeitado, mas teve que disputar com nomes bem mais fortes, como Bernardo Santana, Leonardo Monteiro e tantos outros.
Não foi mal votado, foi vencedor em Itabira, mas poderia ter ido mais além.


NEIDSON É BEM FRACO DE VOTOS

Se considerarmos:
  • o pedido de 'enquadramento' do prefeito João Izael para os candidatos da situação;
  • a iniciativa da 'comissão apartidária' para defender os votos para Itabira, com indícios de apoio para  candidatos do grupão, se considerarmos as tendências de alguns dos idealizadores;
  • os 18 partidos apoiadores que compõem o governo, que o Neidson Freitas faz parte;
  • o baixo número de candidatos locais disputando a vaga de deputado federal;
  • o uso da máquina para favorecê-lo, ao plantar 'notícias' na pseudoimprensa;
  • a publicação de resultados de pesquisas erradas, para favorecê-lo;
  • o grande volume de dinheiro investido e
  • o potencial da equipe de marqueteiros que o candidato teve à sua disposição, que já foi responsável pelas eleições do Li, Ronaldo Magalhães e João Izael;
Faz-me concluir que Neidson é fraco de votos para encabeçar uma candidatura maior. Estará garantido para vereador ou, no máximo, para vice, numa chapa governista fraca e com forte tendência a perder para o Damon.

Dificilmente, Neidson conseguirá retornar até mesmo para a presidência da câmara, uma vez que os abusos na exposição e na autopromoção suplantou os demais colegas, politicamente falando. Não soube administrar a presidência sem sufocar os outros vereadores.


OS ERROS DAS PESQUISAS

As pesquisas apresentadas, tanto do DataMG, contratado pela turma do Neidson Freitas, quanto do instituto MDA, contratado pelo Adício Soares, erraram feio. Ficaram bem distantes das suas respectivas margens de erro. 
O maior (e mais estranho) erro foi o DataMG ter colocado Neidson com 45,2% de votos válidos na espontânea em Itabira. Aí, os 'espertos' marqueteiros trataram logo de comparar Anastasia com meros 37% (só que em todo o estado, numa pesquisa realizada por outro instituto fidedigno). Essa publicação errônea (ou queda vertiginosa) ficará na história da política itabirana. Se assim fosse, Neidson sairia de Itabira com cerca de 29.041 votos (45,2% de 64.250 votos válidos, segundo o TRE), ao invés dos 15.266 votos locais que alcançou. A cara do candidato no panfleto é outra coisa engraçada. Fala por si só. Vide panfleto abaixo:



QUEM GANHOU?

Ronaldo Magalhães foi maduro, frio e calculista. Ele, certamente, é um dos vencedores desta eleição. Soube sair (e bem) de cena, na hora certa, no momento que não lhe era favorável. Assumir a campanha do Anastasia foi outro acerto, ainda que fosse temeroso diante da força do Hélio Costa, no início da campanha estadual. Se conseguir algum cargo, então, ficará ainda melhor na fita.

Damon e Bernardo são outros vencedores, ressalvadas as proporções, é claro. Adício mostrou sua força e jamais poderá ser ignorado na cidade. Bom para sua reputação e melhor ainda para seus negócios.


E O QUE PERDEMOS?
Afirmar que, sem um representante local na câmara ou na assembléia Itabira tem muito a perder, não vejo essa possibilidade. Há centenas de outros candidatos que contaram com votos dos descontentes itabiranos. Ao todo, 751 candidatos foram votados no município. Itabira é um senhor colégio eleitoral, é uma cidade órfã da política do Congresso e da Assembléia, portanto, muito fértil para um deputado estabelezer raízes profundas.

Outra observação é que não vi, até o momento, nenhuma ação concreta e substancial que tenha sido garantida por interferência de algum deputado itabirano. Vimos apenas verbinhas menores até do que as despesas deles com seus respectivos gabinetes. Fato que não quero afirmar que não tenham sido úteis. Ter um deputado local influencia muito mais na governabilidade do grupo da situação, do que nos resultados para os cidadãos em si.


4 comentários:

  1. Vamos fazer analise continuando:
    Hoje no programa do Ze Geraldo faço analise com tecnica aprendida no pos graduação PUC/Assembleia legislativa durante os 2 anos em Poder Legislativo, estando com Patrus (Ministro) também cursando no ano 1999/2000, sendo aluno de Fatima Anastasia irma do governador e dra em politica.

    1)- Os votos de Itabira foram estilo tirica.
    a)- Neidson ficou 12º suplemente em 25 deputados, ou seja se serra for Presidente ele podera ter chances de utilizar o terno em Brasilia com maior facilidade que Adilson que ficou no 5º lugar e o mais votado do PTN, sendo o segundo com menos de 10% de sua votação, teremos que tirar 4 para ele ser deputado, ainda mais de partido nanico.portanto a rejeição de adilson ficou clara que em 86 mil eleitores ele com o gasto efetivo nao pode ser candidato a vice pois atrapalharia qualquer chapa.

    b)- Damon, a estilo Heitor Braganca ficou em casa tranquilo recebendo votos de eleitores que nao preocupavam em Itabira ter deputado mas mostrar que o seguirão. em pesquisa atraves de dados vimos que 30% de seus eleitores de Itabira haviam votado no Prefeito, portanto deve ficar na moita pois teve 35 mil e agora 23. nao pode ter vice com rejeição.
    Banana, achei que ia ter 7 mil, foi minha aposta do PT, que ja nao acredita nele, portanto deve ser candidato a vereador na proxima para ajudar o partido.
    -Robson ; mina aposta que nao teria 2/3 dos votos de 2.006, portanto também deve ser candidato a vereador para ajudar a eleger bancada apoiada por ele.
    Quem representa Itabira, deve ser os deputados que foram votados na região;
    Estado - Mauri, ficara na birra com Monlevade, portanto deve ir para o Tribunal de Contas -TCE.
    Gustavo Valadares, tem 33 anos, jovem tentara ficar os pes em Itabira e região pois teve ao redor mais de 25 mil votos, assim como fez por são gonçalo, ao que parece deve ser secretario de estado.
    Federal- Bernardo santana, votado na região, novo vai ser porta voz de Itabira no congresso.
    -
    Mucida foi o grande ganhador, deve consolidar a liderança de apoiamento. a experiencia de seu pai vai servir de base para se transformar na liderança nova.

    * todos os deputados eleitos por Itabira foram ex- prefeito.

    -Izael - Proximo candidato a Deputado por Itabira

    * nao vou ler, senao apago tudo.

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  2. A CAMPANHA DA AGUA MINERAL E PROTETOR SOLAR.

    Não devemos ficar presos em debate superficial que só atende a interesses obscuros e particulares.

    Qualquer que seja o resultado da disputa presidencial, novas lideranças vão exercer papel de destaque na política itabirana nos próximos anos.

    Bernardo e Neidson passam a ocupar o pódio dos líderes na terra do poeta maior.

    Necessariamente terão de ser ouvidos daqui para a frente e serão importantes nas costuras para as próximas eleições.

    Podemos dizer que o século XXI da política começou agora. Quem deu as cartas no século XX ficará para trás.

    Mas faremos algum comparativos a campanha do Bernardo Mucida foi muito simples, não teve nenhuma pessoa remunerada, não teve um comitê, carro de som, nenhum centavo de empresários.

    Assim pode-se dizer em alto e bom som, foi uma campanha idealista, da forma como deveria ser a política. Não existe meio-termo nisso. Para deputados em itabira foi palco de uma campanha muito desigual, mas Mucida entrou como um ilustre desconhecido e saiu como vitorioso, nas devidas proporções.

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  3. Vc,so sabe criticar o governo e falar bem do Damon ai fica dificil, vc deve ser imparcial e so dizer a verdade. O João nao é um santo e muito menos o Damon.Todos sabem que vc trabalhou na campanha do Damon, nao use este espaço tao bacana para fazer campanha, pois senao o seu blog vai cair na mesmice dos outros Abraço

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  4. Caros Anônimos,

    É uma pena que não quiseram ou não possam se identificar. Discutirmos é sempre bom para a democracia e engrandece este espaço. Mas postarem comentários anônimos, não garantem fidelidade na informação e geram muita desconfiança no público leitor.

    Tenho visto até algumas citações coerentes, como há algumas de doer.

    Como tenho dito sempre, não sou dono da verdade. As exposições aqui publicadas são impressões minhas, baseadas nos estudos que venho fazendo. Ou seja, opiniões que considero justas e pertinentes. Podem ocorrer exageros, por certo. Mas seria super legal se debatêssemos tudo olhos-nos-olhos, ou pelo menos de forma identificada, não?. Senão, acho que não vale tanto a pena para ninguém.

    No mais, se considera que privilegiei o Damon, lamento decepcionar, mas se assim eu quisesse fazer e concordasse com isso, acredite, teria muito mais recursos e condições para ser bem mais incisivo. Quanto ao governo João Izael, gostaria de obter mais informações sobre seus feitos reais. Não os divulgados por sua comunicação, que não tem sido fonte fidedigna. Aliás, vi outro dia um anúncio dizendo que já existem várias escolas em 'Tempo Integral'. Gostaria de saber mais sobre isso. Tomara que não seja como aquela lorota da Escola Nota 10, que anos depois de inaugurada, não funcionava como planejada.


    Abraços.

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