|
Acampamento dos 'sem-terra' no jardim da Prefeitura de Itabira,
em manifesto pela ordem de desocupação da Justiça. |
Tempo escasso e cada vez mais complicado o impasse dos "Sem-Terra" do bairro Drummond, com o governo João Izael. Agora, são menos de dois meses de arrego, de prazo para que os moradores, crianças e cidadãos humildes, saiam da propriedade particular invadida, segundo determinou a Justiça.
Reconhermos que invadir propriedade alheia não é correto, é fácil. Pensarmos que muitos outros cidadãos de bem, humildes como eles, aguardam décadas para ter o sonho da casa própria realizado, pelo direito da moradia e que, nem por isso, tomaram semelhante iniciativa, parece também fácil.
O problema é fecharmos os olhos, então, e nos permitir não pensar nas crianças, que não terão para onde ir, nesses cidadãos que lutam para sobreviver numa cidade rica como a nossa; que falhou nas suas políticas de habitação popular e de assistência social; que distribui mal sua bilionária renda; que padece de indicações partidárias e politiqueiras e que, não bastasse isso, permite que todos vivamos numa especulação imobiliária sem limites, movida pela gana e fomentada pela articulação de ex-agentes públicos, que enriqueceram, em tão pouco tempo, sobretudo, com a ousadia de chamar nossa terra de 'Cidade do bem-viver' e posteriormente de 'Consolidando suas conquistas'. Não há como, em sã consciência, olharmos a foto acima e não refletirmos sobre estes dois slogans.
Fico, a todo instante, procurando fazer o melhor juízo possível, me esforçando para imaginar um desfecho justo e acessível para esses cidadãos, ignorados pela desigual distribuição de renda. Para tentar achar alguma saída, fomos até o acampamento deles, neste sábado, e conversamos com o líder Adilson Gualberto Campos, presidente da Associação Comunitária do Bairro Drummond, com Joviano Mayer, advogado das Brigadas Populares e com o padre José Geraldo, da Igreja do João XXIII, que lá estavam.
Desde que iniciamos a conversa, o líder deixou claro para nossa reportagem o descontentamento e a incompreensão deles quanto ao fato do prefeito, João Izael, não ter permitido a presença dele e de outros representantes na reunião no gabinete, ocorrida na semana passada, para tratar deste fim. Desde então, o prefeito encaminhou um ofício para o presidente da câmara, Sebastião Ferreira Leite, alegando que havia apresentado 4 alternativas para eles e que os sem-terra haviam recusado, sendo as 4 alternativas, até então, de desconhecimento deles, segundo disse o Adilson.
Então, perguntamos se alguma daquelas alternativas, eles aceitariam. Adilson nos disse que, assim que tomou conhecimento das propostas da prefeitura, pelo presidente da câmara, nos disse que o que eles querem é um acordo e que aceitam o item 'b' do ofício, que é 'disponibilizar terreno e material de construção para as moradias', já confirmada em ofício para a presidência da câmara. Ainda na defesa, Adilson disse que eles não haviam aceitado era a proposta de apartamentos, por causa das limitações de muitos moradores de manter os imóveis e dependências comuns, com condomínios e futuras despesas de reformas e pinturas, tanto do ponto de vista econômico, quanto cultural.
Se eu pudesse ter a total confiança na correta aplicação dos recursos públicos, nos serviços sociais, ter a absoluta garantia de que os projetos de habitações populares nunca receberam influência política, eu, antes de apoiar uma invasão, buscaria analisar com mais critérios, para certificar suas reais necessidades e sensos de justiça. Não é o caso e não confio neste modelo de politicagem. Portanto, diante da aceitação da proposta pelos 'Sem-Terra', a batata quente retorna para as mãos do prefeito. Aí, a pergunta, será que o município conseguirá atender, dentro dos prazos estipulados pela Justiça e 'Consolidar as conquistas' deles?
O Prefeito e seus secretários, estão de brincadeira com a cidade né! Dizem por aí que a cidade é isso, aquilo, melhor nisso, melhor naquilo, mas se esquecem que não é pela gestão da prefeitura, que por sinal não é boa, e sim pelo capital que circula na cidade por causa da Mineradora e suas empresas terceirizadas.
ResponderExcluir